Quando ouvimos dizer que videogames são bons para aprender/ensinar algo, quais tipos de jogos lhe vêm à cabeça?
Jogos educativos formais
Os tradicionais jogos educativos geralmente estão relacionados à educação formal, ou seja: trazem assuntos relacionados aos interesses pedagógicos. Jogos de cálculos, química, física, aprendizado de línguas, etc.
Se você viveu a era dos games nos anos 90, deve se lembrar de jogos como este:
No contexto histórico, o mesmo conceito de conteúdos formais aparece em jogos novos, como é o caso da série Calculation Castle, no #NintendoSwitch.
Jogos de entretenimento em ambientes formais
Mesmo em ambientes formais como a escola, aqueles games considerados como entretenimento também podem compor um ambiente de construção de #conhecimentos bem interessante.
Um dos primeiros experimentos que realizamos neste sentido ocorreu em 2010, na Escola Técnica de Formação Gerencial, em Minas Gerais.
A atividade rolou durante as aulas de Educação Física. Ao invés de dinâmicas tradicionais, foram propostas sessões mediadas com o jogo Just Dance.
Para propor uma atividade à uma sala com 40 acadêmicos e apenas 1 videogame, também moldamos a proposta. Além de dançar, valia também a performance artística!
Extrapolando a intenção dos designers enquanto criadores do jogo e do sistema - um videogame com sensores de movimento que medem a performance do corpo -, verificamos que a própria proposta dos jogos de entretenimento pode ir muito além do que originalmente foram criados.
Tratam-se das estruturas atencionais, descritas pelo filósofo Ernildo Stein e tão presente nos videogames. Em resumo, um designer de jogo pode escolher a forma com que as pessoas irão interagir no mundo virtual. Entretanto, por conta da natureza dos games, muitas outras formas de uso e comportamentos podem surgir, não bastando aquelas que foram programadas.
Jogos de entretenimento em espaços livres
E assim chegamos à terceira linha de pensamentos: os jogos de entretenimento. O que acontece quando os games são simplesmente jogados?
Em primeiro lugar, você simplesmente joga.
Da maneira mais simples de se pensar, os designers de jogos criam regras e implementam o que chamamos de mecânicas. Estas mecânicas determinam comportamentos possíveis dentro do sistema. Por exemplo, nos jogos do Super Mario, você pode andar, correr, pular, etc. É o que se espera da maioria dos jogadorxs.
Em segundo lugar, não podemos esquecer da coisa que está mais próxima de todxs nós: a subjetividade. Cada pessoa joga de uma forma, com uma intenção diferente, e com um repertório de conhecimentos que adquiriu ao longo de todas as experiências que já teve em sua vida, inclusive fora do videogame!
Sem o compromisso de conteúdo, o conhecimento ocorre de maneira #multidisciplinar. Treinando coordenação motora fina, movimentos do corpo, reflexos, memória, raciocínio lógico; ora vivenciando histórias de múltiplas #culturas, temos acesso à um turbilhão de experiências que determinam o que são os jogos digitais nos dias de hoje.
Conclusão
Hoje, é muito difícil estipularmos uma fronteira entre jogos intitulados de educativos ou de entretenimento. Além dos jogos que trabalham conhecimentos formais (como colocados acima), há muitos designers que tratam os games como mídia capaz de apresentar conteúdos culturais de maneira intencional.
No caso de jogos com conteúdo educativo, cabe a pergunta: Eu quero aprender e/ou treinar determinados conteúdos? Se a resposta é sim, vá em frente e experimente! Se você pretende aplicar este material às aulas que você leciona, pense com carinho na intencionalidade não só sua, mas especialmente dos acadêmicos. Espaços de educação formal, especialmente os de ensino fundamental e médio, são caracterizados por ter uma audiência encarcerada, ou seja: as pessoas estão no espaço, a priori, por obrigação, e não por escolha própria. O jogo, assim como ele é, ocorre de maneira livre e por desejo dos jogadorxs! Ofereça isto como uma possibilidade de escolha à seus acadêmicos e depois nos conte o resultado!
Já em ambientes não formais, como espaços #culturais ou até mesmo a sala de sua casa, você pode aprender e também oferecer experiências ao seu público de temática muito variada! Através da riqueza proporcionada pelo acervo de jogos disponíveis hoje, é possível transitar entre diferentes ideias e experimentar, na prática, conceitos que antes só poderíamos imaginar.
Além da vivência - algo que não pode ser substituído -, gostaria de elencar aqui uma última questão muito importante para os espaços de educação não formal e informal: a mediação.
Ao mediarmos, provocamos situações semelhantes às vividas na experiência com o Just Dance que elencamos acima: além de divertida, a atividade amplia o espaço de educação não formal e informal além das fronteiras do próprio jogo. Farei um post especial sobre mediação em breve!
É (mais ou menos) assim que acreditamos que seu conhecimento muda enquanto você joga. O conhecimento não formal e informal precisa ser reconhecido como tão importante quanto o espaço acadêmico!
O que você acha?
Comments